Um dom especial que privilegia alguns poucos seres viventes? Ser brilhantemente criativo? Talento? Tempo? Dinheiro?
Quando crianças, uma caixa de lápis de cor era o nosso tesouro mais fascinante! Pintar um desenho, escrever um verso, cantar uma cantiga, eram brincadeiras agradáveis que aos poucos nos ensinaram não serem bastante úteis. Foi o início do conflito: útil ou agradável? Estas atividades, que nos proporcionavam momentos de verdadeira alegria, ficaram confinadas então aos dias de lazer, férias e feriados.
Será que a arte, na vida do homem atual, não poderia ser algo mais simples, mais presente e também mais constante do que poucos momentos de lazer?
E se lembrarmos que a arte é um fenômeno presente em todas as culturas e que quase tudo que sabemos das civilizações passadas nos foi legado pela arte que sobreviveu aos tempos, e note-se bem, na maioria das vezes, apenas ela sobreviveu!
Infelizmente a arte hoje geralmente é encarada como mero lazer, cercada por falsos conceitos de que artistas ou não podem se sustentar, ou são promíscuos ou possuem uma conduta inadequada... enfim, arte não é profissão! Na escola o professor de artes só é lembrado quando é preciso "decorar a escola" para algum evento ou produzir lembranças para "dia das mães", "dia dos pais" e tantos outros dias inventados pelo comercio.
Jovens com determinante característica artística são induzidos pelos pais e educadores para profissões mais sensatas. Serão médicos, advogados, administradores e pintores de final de semana. São estimulados a pensar de uma maneira mais mercantilista e passam então a consumir arte em seus feriados: vão ao teatro ver atores, que encenam peças de autores que cantam músicas de compositores que decoram suas casas com telas de pintores. Todos esses, profissionais trabalhando cada um em sua área, movimentando uma economia que emprega outros tantos nos serviços de apoio como produção do som, vestuários, maquiadores, indústrias de tintas e materiais artísticos, acomodados em museus, galerias, teatros, cinemas projetados por arquitetos (artistas do espaço físico), decorados por decoradores (artistas do ambiente ), clicados por fotógrafos (artistas apressados), projetados na mídia por publicitários e jornalistas (também artistas).Ficam então olhando tudo isto com um gostinho assim:--" Nem todo o mundo pode ser artista..."
Mas não é bem assim. Para fazer arte apenas é necessária a simples vontade de fazê-la. Fomos feitos para criar! A arte é um ato da alma e não do intelecto.
Quando lidamos com o nosso dia a dia estamos ao mesmo tempo lidando com questões ligadas à composição artística, à combinação das cores, das palavras, dos sons, das idéias. Tudo esperando se manifestar.
Neste mundo da manifestação artística, seja ela qual for, não cabem a inveja, a deslealdade, a crítica. Só o ato artístico poderá preencher os vazios cavados durante o amadurecimento forçado pelo intelecto. Todos nós temos um tema da mesma maneira que todas as flores tem a sua beleza única e insubstituível. Resta-nos buscar uma maneira de expressá-lo com a mesma singeleza daquele desenho de criança que tanto nos satisfez um dia. Entendendo isto parta para a prática e então você poderá dizer:
--" Eu também posso ser artista!"
De Eddy Decoraçoes.